1. Conversar sobre o Mundo de Videojogos onde o jovem se insere e até experimentar jogar com ele.
Compreender o recheio deste mundo onde o jovem vivencia tantas experiências é importante. A ideia de que um videojogo é “apenas um videojogo” já se encontra bastante ultrapassada. É importante ter a noção de que um videojogo pode ser uma atividade rica em estratégia, crescimento, desenvolvimento, socialização e aprendizagem de mecânicas que ele pode aproveitar para a sua vida fora do ecrã.
Compreender o que é jogar online ou offline e qual das modalidades o jovem prefere. Saber se ele tem muitos amigos que joguem com ele, quem são; perguntar sobre os videojogos que gosta e até mesmo vê-lo a jogar e tentar compreender os jogos que joga e como joga, podem ser tarefas de grande enriquecimento para a família no seu todo. Além disso, compreender se ele pertence a alguma associação, comunidade, equipa de esports pode ainda ser positivo. Geralmente, muitas associações/comunidades/clubes portugueses têm eventos online ou presenciais regulares. Estes podem ser positivos e preventivos de comportamentos de risco, sendo sempre importante prevenir e garantir a segurança do jovem.
Falar com o staff da associação ou comunidade poderá ser adequado dependendo da idade do jogador. Quando algum destes eventos ocorre, assim como saber como pode estar presente e como é o funcionamento da associação/comunidade/clube. Caso o jogador se encontre em equipas de esports será normal ter horas de treino e, muitas vezes, estas não são acordadas de acordo com rotinas familiares (até porque muitas vezes os jovens têm receio de falar com a família sobre isso, sob medo de não serem compreendidos). Sendo assim é importante os pais estarem a par destas rotinas e do funcionamento do mundo de jogo do jovem para compreenderem e acordarem em conjunto com ele o que será ou não conveniente e possível, tal e qual como se faz para o treino de qualquer atividade extracurricular.
2. Procurar informação sobre o Mundo dos Videojogos, seus riscos e benefícios.
Além da comunicação com o jovem é essencial todas as pessoas manterem-se informadas. O mundo tecnológico avançou a uma velocidade incrível e quanto mais formos capazes de compreendê-lo, melhor. Muita é a informação que já se encontra acessível e a internet acaba por ser também um bom meio de descoberta (Ex. The Good Gamer; Ask about games; Internet Segura, etc.). Encontrar informações sobre as ferramentas de controlo parental pode também ser uma boa estratégia (consultar a nossa secção sobre Controlo Parental), compreendendo assim melhor o funcionamento das consolas, telemóveis, computadores, ou qualquer outro aparelho onde os jovens podem jogar, e aprender a como pode protegê-los.
3. Acompanhá-los a eventos de Videojogos presenciais.
Uma forma de estar presente poderá ser através da participação em eventos de videojogos. Este será um bom meio para ter mais conhecimento sobre este mundo e porque ele se torna tão fascinante para os jovens e muitos adultos. Conhecer de mente aberta estes eventos, experimentando esta atividade em conjunto com as pessoas que mais gosta, será com certeza uma experiência enriquecedora para os educadores. E que poderá mudar a visão que têm relativamente a todo este Mundo. Deste modo, conseguirão diminuir frases como “Mãe/Pai tu não entendes…” referentes à prática de jogo, procurando compreender como é de facto este meio no seu cerne e as pessoas que o compõem.
4. Negociar de modo adaptado e flexível as regras e rotinas com o jovem.
Criar limites, horários e rotinas na vida diária é imprescindível e também uma ótima ferramenta de promoção de comportamentos saudáveis. A criação de regras e horários em conjunto em vez de uma imposição, poderá ser aquilo que é o mais indicado, na qual ambas as partes se ouvem e compreendem, tentando chegar a um consenso. Disciplina é amor, e a verdade é que até uma certa idade os pais são as pessoas que deverão saber o que é melhor para nós, mas isso não deve impedir que as crianças ou jovens sejam ouvidos e compreendidos. A disciplina deverá ser firme (por mais que custe dizer que “não”) mas também informada e interessada (tornando-se assim credível e compreendida, não existindo o “não fazes porque eu quero/porque não”).
5. Definir consequências claras (positivas e negativas) caso as regras sejam/não sejam cumpridas.
Caso as regras/rotinas não sejam cumpridas é importante também ser definido com o jovem o que acontece em ambos os casos. Pedir inclusive sugestões de como acha que deveria ser penalizado ou reforçado o seu comportamento. Os castigos, em equilíbrio, são importantes e fazem parte do crescimento, fazendo-nos compreender prioridades, restrições, tolerância à frustração em prol de algo melhor para nós e para os outros. Estes também farão com que ao longo da nossa vida nos possamos desenvolver enquanto seres humanos saudáveis. Já que em adultos as restrições são bastantes e a capacidade de organização diária é essencial. Além disso, quando as regras e rotinas são cumpridas é também importante reforçar comportamentos positivos.
6. Garantir que existe uma comunicação em uníssono entre os pais.
Este é um ponto por vezes complicado de realizar, já que não dá para controlar todo o ambiente à nossa volta. No entanto é essencial nesta e em muitas outras situações existir uma comunicação em uníssono de ambos os pais. As incoerências de ação ou do modelo de disciplina aplicados (exemplo: a mãe não deixou ir jogar, mas ele foi ter com o pai e o pai deixou) levam muitas vezes a que o jovem crie dinâmicas complicadas com os pais e na sua própria vida. Sendo que aprenderá que se não conseguir o que quer de um lado, consegue do outro manipulando, acabando ainda por não ter a sua rotina bem formada nem disciplinada. É então importante que as rotinas acordadas entre todos sejam aplicadas por todos e que haja uma única voz para o apoio nessas atividades.
7. Fornecer informação psicopedagógica sobre como viver a atividade de videojogos de modo seguro e saudável.
Muitas vezes não são apenas as famílias dos jogadores que se encontram desinformados, mas também os próprios jogadores. É então importante que os pais, perante a sua exploração do meio, possam alertar também os seus filhos sobre como poder viver a atividade de videojogos de modo equilibrado, ajudando-os a conseguir viver a atividade de modo saudável.
8. Estar atento ao PEGI dos videojogos no momento de compra.
Em qualquer conteúdo de media a classificação da idade limite é importante. Existem certos conteúdos que podem não ser compreensíveis para os mais novos. No entanto, apesar de cada caso ser um caso, é mesmo assim importante termos em consideração os referenciais de segurança. Os videojogos também têm limites de idade mínima devido aos seus conteúdos, tal como muitos outros conteúdos. Se esses limites são tantas vezes vistos com preocupação na indústria de cinema, por exemplo, aqui também devem ser.
Segundo a ESA (2017), num relatório americano sobre a utilização de videojogos na América, foi reportado que em 90% dos casos os pais encontravam-se com os jovens quando os videojogos eram comprados na loja. Ainda assim a verdade é que encontramos o jogo Grand Theft Auto V (GTA V) que vendeu vários milhares de milhões de dólares em cópias. Muitas destas para jovens menores de 18 anos (limite mínimo de idade do jogo).
É verdade que muitos jovens jogando acompanhados com os seus pais ou até mesmo sozinhos, poderão compreender o quão moralmente errados certos comportamentos no videojogo são na “vida real”, no entanto é sempre importante termos em consideração as referências de segurança que existem e termos uma atitude compreensível, adaptada e preventiva. Para conseguir saber quais as idades dos vários jogos pode aceder ao seguinte website: PEGI. Neste bastará colocar o nome do videojogo e verão todas as informações relativas aos mesmos quanto ao limite de idade e tipo de conteúdos.
9. Obter feedback regular por parte da escola sobre o comportamento, resultados e vida social do jovem.
A presença familiar é imprescindível na vida de um jovem, prevenindo inúmeros comportamentos de risco. Sendo assim, prevenir comportamentos de isolamento, bullying, evitamento da escola/aulas, dificuldades escolares, entre muitos outros, será um bom meio de prevenir comportamentos nocivos para o jovem em qualquer atividade, inclusive na atividade de videojogos. Para tal é fundamental um contacto regular com a escola e com o jovem. No sentido de compreender como ele se encontra, como se tem sentido, quais as dificuldades que pode encontrar-se a viver, etc.
Maria João Andrade, Psicóloga Clínica