A acessibilidade nos videojogos tornou-se um tópico importante a partir de 2014, sendo levado a cabo nos anos seguintes a necessidade de tornar os seus produtos e serviços acessíveis a um público mais amplo.
Graças a este esforço crescente, pessoas com deficiência ou que enfrentam barreiras específicas passaram a integrar o público-alvo dos videojogos, tornando a experiência de jogar mais inclusiva do que nunca. Estudaram-se novas abordagens, desenvolveram-se soluções inovadoras e aplicaram-se mudanças significativas em diferentes áreas da indústria.
Um compromisso crescente com a acessibilidade
Felizmente, a indústria dos videojogos tem vindo a dar passos significativos para garantir que mais pessoas possam desfrutar das suas experiências interativas. Hoje, dentro dos grandes estúdios, já existem equipas especializadas na Experiência de Utilizador (User Experience; UX) onde a acessibilidade é uma prioridade. Nestes departamentos, começa a ser cada vez mais comum a contratação de pessoas com deficiência para integrar o processo de desenvolvimento, garantindo que as necessidades reais destes jogadores são ouvidas e traduzidas em soluções concretas até mesmo nos grandes títulos Triple A. Muitas produtoras independentes e equipas mais pequenas também se esforçam para tornar os seus jogos o mais inclusivos possível, procurando remover barreiras e ampliar o seu alcance a um público mais vasto.
Quer estejamos a falar de grandes estúdios ou de criadores independentes, a questão essencial desde o início do processo é: “Quais são as melhores práticas para aumentar o nível de acessibilidade no desenvolvimento de um videojogo?”. A conclusão que tem vindo a verificar-se é que a consideração da acessibilidade deve ser integrada de forma natural desde as primeiras fases de desenvolvimento dos títulos. Isto significa integrar a acessibilidade desde o conceito inicial, passando pela análise e pelo design do videojogo, e não apenas na fase de programação ou quando o produto já está prestes a ser finalizado.
O Livro Branco de Acessibilidade para Produtoras de Videojogos: um recurso essencial
Para apoiar esta evolução na acessibilidade no contexto europeu, o Livro Branco de Acessibilidade para Produtoras de Videojogos foi criado como um recurso essencial de orientação sobre as medidas e mecanismos que tornam os videojogos mais inclusivos para pessoas com deficiência.
Desenvolvido originalmente pela Asociación Española de Videojuegos (AEVI) em colaboração com a Fundación ONCE, foi recentemente traduzido e adaptado para o português pela Sociedade Portuguesa de Ciências dos Videojogos (SPCV), pela Associação de Empresas Produtoras e Distribuidoras de Videojogos (AEPDV) e pela Associação de Produtores de Videojogos Portugueses (APVP).
Os principais objetivos do documento são:
- Sensibilizar a sociedade para a importância da acessibilidade nos videojogos;
- Oferecer um guia de referência sobre medidas de acessibilidade no desenvolvimento de jogos;
- Relacionar os diferentes perfis de desempenho funcional dos jogadores com as soluções adequadas;
- Explicar, de forma prática, como implementar medidas de acessibilidade ao longo do desenvolvimento;
- Identificar os desafios que os estúdios enfrentam ao incorporar estas soluções;
- Fornecer ferramentas que permitam aos criadores autoavaliar a acessibilidade dos seus produtos;
- Abordar a acessibilidade do hardware e dos periféricos, bem como o impacto da impressão 3D na adaptação de equipamentos.
Com esta iniciativa, pretende-se ampliar o acesso a este conhecimento e incentivar um ecossistema de videojogos cada vez mais acessível. Clique aqui para aceder ao Livro Branco de Acessibilidade para Produtoras de Videojogos.